Qual é a maneira mais sustentável para o descarte de papel higiênico?
Com certeza você já deve ter se deparado com uma placa que dizia “Proibido jogar papel no vaso” em algum banheiro em que você já esteve. Isto acontece porque aqui no Brasil não é um costume, diferente do que ocorre em outros países como a Bélgica por exemplo.
Um dos principais motivos é o modelo de encanamento no nosso país que não foi planejado para este tipo de descarte, que pode não comportar, causando o entupimento. No entanto, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), o maior motivo de entupimentos é o descarte de lixo, porém a mesma não orienta o descarte de papel.
A seguir vamos ver alguns prós e contras em relação a este descarte aqui no Brasil:
PRÓS
Menos plástico
Pensando em um cenário ideal, em que a rede de esgoto fosse preparada para receber o papel, a matéria-prima do papel higiênico não ofereceria riscos ambientais ou ao tratamento de esgoto e ainda traria a vantagem de reduzir a quantidade de um grande vilão nos aterros sanitários: o saco plástico - as sacolas plásticas podem levar até mil anos para se decompor.
Menor risco de contaminação biológica
O lixo do banheiro muitas vezes tem substâncias como sangue, fezes, urina e secreções de ferimentos. Levando em conta principalmente este momento de pandemia de covid-19, os agentes de limpeza podem ficar expostos a riscos de contaminação biológica, em especial se esses sacos de lixo forem visitados por animais enquanto aguardam a coleta nas lixeiras públicas. Os catadores, que por vezes buscam recicláveis em lixeiras sem coleta seletiva, também podem ficar em risco. Desta perspectiva, o descarte no vaso ganha em disparado.
Maior praticidade
A mesma diminuição de risco do tópico anterior, também cabe aqui. Com menor tempo de permanência na residência, o papel higiênico sujo tem menos chances de contaminar moradores da mesma casa (caso alguém tenha alguma doença infecto contagiosa), além de evitar o manuseio de resíduos biológicos de forma geral.
Fácil tratamento
O principal composto do papel higiênico é a fibra de celulose, que é naturalmente biodegradável. Lançado na água, esse tipo de papel se desmancha em pequenas partículas de fibras. Apesar de não se dissolver, esses resíduos são retidos normalmente em uma das etapas do tratamento de esgoto, não oferecendo complicações na eficiência do processo.
CONTRAS
Falta infraestrutura
Ainda falta infraestrutura nos projetos hidráulicos brasileiros, seria necessário diferentes tipos de tubulações em nível domiciliar e/ou usar trituradores sanitários. Em termos de estrutura, a pública não sofreria grande impacto, mas principalmente nas residências seria preciso o custeio pelos próprios cidadãos. O que torna inviável, levando em conta o cenário da renda média do brasileiro. O menor custo viria da divisão de tubulações de esgoto. No Brasil, essa é uma medida tomada recentemente por algumas construtoras, mas não é uma regra.
Tratamento de esgoto precisa melhorar
A coleta de esgoto no Brasil não chega a 47% dos brasileiros. De 53% que é coletado, apenas 46% é tratado, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, o descarte pode não ser nem uma opção possível, uma vez que o saneamento não é completo e existem falhas no tratamento, que podem fazer com que esses resíduos cheguem aos rios, córregos e mares.
Ocasionar entupimentos
Quando o papel higiênico é lançado na rede de esgoto, o maior risco é entupir a rede domiciliar, dificilmente conseguirá causar problemas na rede pública. No entanto, levando em conta outros resíduos descartados incorretamente, como lixos sólidos e gorduras presentes nos esgotos, há a possibilidade que essas fibras do papel se agreguem nessas partículas e criem obstruções.
Maior gasto de água.
Para dar descarga no papel higiênico no vaso sanitário é preciso usar mais água potável, uma vez que mesmo que ele se dilua no meio líquido, para passar pelo encanamento será preciso uma pressão maior e consequentemente um gasto também mais elevado.
Fonte: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/02/11/jogar-papel-higienico-na-privada-e-mais-sustentavel-do-que-no-lixo.htm